sexta-feira, 8 de março de 2013

E quando a crise vem .



Com 25 anos estou numa fase estranha há algum tempo. Faço faculdade de jornalismo, trabalho numa que eu área que eu gosto, recebo um salário bacana, tenho grandes amigos e tenho um relacionamento bacana com Deus. Era tudo o que eu tinha planejado no final do ensino médio. Estava acontecendo! Mas me lembro de que de repente acordar ficou pesado. Sair da cama extremamente difícil. Trabalhar ficou automático. Ir para a aula um suplício. Não tinha motivos. Nada aparente. Mas a vida me doía. Queria dormir. Só dormir. Lembro-me de uma conversa com um de meus melhores amigos e eu disse a ele que apenas sobrevivia. No meio desse período eu tinha momentos bem alegres, mas a minha rotina era morta. Minha alegria virou apatia. Não tenho muitas recordações desses últimos meses, as poucas recordações que me veem a memória são de dor e luto, perdi duas tias e meu avô em um curto período de tempo, quase  virei um zumbi. A sensação era de que eu nunca chegaria a lugar nenhum, de que meus sonhos nunca iriam se realizar, de que tudo era longe e difícil. De que o adolescente que era uma promessa, sumiu. Por isso estou mudando minha postura diante das coisas. E sem perceber o meu mundo acompanhou... Mudei de emprego (duas vezes em 2012). Dei um tempo em várias coisas. Desisti de ser um prodígio. Impus-me leveza. E o que era pesado fui deixando para trás. Convicções que me prendiam me escravizavam e eu nem sabia. Eu queria dominar o mundo. Aí decidi começar dominando a mim mesmo. Tirei o peso de "ter que ser feliz", "ter que ter sucesso", "encontrar o amor da minha vida"... E todas essas coisas que quando temos vinte e poucos, ou vinte e tantos, nos escravizam. Escolhi a liberdade. Parei de escrever metas, alvos, ou qualquer coisa que pudesse me causar frustração. Entendi que eu era jovem e parei de tentar ser mais do que eu tinha condições de ser.
Nesse período turbulento eu amadureci. Na marra. Na pancada. Tem gente que quando passa por essas situações chuta o balde geral. Eu não podia. Não suportava a ideia... Lembro que diversas vezes pensei em parar de trabalhar!! Mas não podia parar de trabalhar. E segurei a onda (que para mim mais parecia um tsunami). Mudei meu relacionamento com Deus. Resolvi jogar limpo, ser franco, honesto. Entendi que ele não queria o "Wenderson Perfeito". Ele queria o Wenderson e ponto final. Do jeito que fosse. Desisti de brigar. Entreguei o caos e Ele deu conta do recado. Fiquei sabendo que existe o livro "Crise dos 25 anos" e entendi que eu estou vivendo isso. Esse mundo louco faz com que a gente queira sempre mais, quando às vezes precisamos é de menos. Tirei a frase "para sempre" da minha vida. Por que ela escraviza. A substituí por "hoje". Isso me dava pânico. Decidi que queria fazer  funcionar "hoje". Desisti de lutar para ser o melhor Gerente de operações (área que eu trabalho) de todos os tempos. Escolhi batalhar para ser o melhor profissional "hoje". Comecei a viver um dia de cada vez. Busquei descobrir o que me fazia feliz. Estou lutando para reencontrar minha espontaneidade. Reconstruindo a minha vida com base nessas descobertas. E acho que está dando certo. Nem sei se as pessoas imaginavam que em mim o mundo se despedaçava. Talvez algumas até se surpreendam com esse post, porque eu estou vivendo  essa loucura comigo mesmo. Mas o tempo passa... E eu crescendo... Minha perspectiva mudando... Reencontrando-me.
Lembro-me de coisas que deixei para trás eu pensava que tinha desperdiçado todos aqueles anos. Com o tempo aprendi a pensar diferente. Os aproveitei bastante, mas de outra forma. E aquelas experiências me fizeram chegar aonde cheguei. Não se coloque esse fardo de ter feito coisas muito tempo e não ter dado certo. É um peso difícil de carregar, que não levará a lugar nenhum e prejudicará a história que você vive hoje. Aceite o seu passado, não brigue com ele. Mas aprenda com o que se foi. E deixe ir.... E aos pouquinhos essa mochila pesada se vai... Precisamos desses vales para entender o que é estar nas alturas. Faz parte da construção da identidade do ser humano. O caos pode nos fazer pessoas melhores. E o abafamento das tribulações nos ensina a voar com a leveza que uma hora virá.
Wenderson Siqueira